Conheça os projetos que estão recuperando nascentes no ES
Instituto Terra e Cesan desenvolvem ações de recuperação florestal e preservação dos recursos hídricos em diversos pontos do Estado.
A preservação dos recursos hídricos para garantir que gerações futuras tenham acesso à água é uma realidade em organizações públicas e privadas, que desenvolvem projetos voltados para a conservação desse bem, tão essencial para a sobrevivência humana. Iniciativas como a do Instituto Terra, que por meio do projeto Olhos D’água recupera nascentes na Bacia do Rio Doce, são bons exemplos de como é possível disseminar a consciência ambiental para criar uma dinâmica sustentável.
O projeto do Instituto Terra consiste na conscientização dos produtores rurais da Bacia do Rio Doce, para que esses cadastrem as nascentes localizadas em suas propriedades. Depois de cadastrados, os olhos d’água são cercados com os insumos sendo fornecidos pelo programa, bem como mudas de espécies de Mata Atlântica, para permitir o reflorestamento das áreas de entorno das nascentes. Em seguida, os produtores são capacitados para adotar técnicas sustentáveis no uso do solo, diminuindo o impacto das atividades na região de recarga das nascentes dos rios.
O Olhos D’água, que foi escolhido pelo ONU/Água como uma das 70 melhores práticas para recuperação e conservação dos recursos hídricos, já recuperou um total de 973 nascentes e desde 2016 está trabalhando na proteção de mais 1.618 olhos d’água localizados em bacias de Minas Gerais e do Espírito Santo. No total, são mais de 800 pequenos produtores rurais beneficiados diretamente pelo programa, em 27 municípios banhados pela bacia do Rio Doce.
Segundo a diretora executiva do Instituto Terra, Isabella Salton, a atuação das organizações públicas e privadas nos rios afluentes é primordial para resgatar o fluxo hídrico nas bacias hidrográficas que abastecem as cidades. “É desta forma que o Programa Olhos D’Agua atua pela Bacia Hidrográfica do Rio Doce, recuperando e protegendo nascentes de rios afluentes, para tornar a disponibilidade de água mais estável durante todas as estações do ano e também melhorar a qualidade dessas águas”.
Isabella destaca que a Bacia Hidrográfica do Rio Doce possui um território do tamanho de Portugal e lá 80% da cobertura original de Mata Atlântica está degradada. “Estimamos que mais de 300 mil nascentes necessitem de proteção para restabelecer o fluxo de água. Precisamos da colaboração de todos neste grande desafio”, afirma.
Recuperação
A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) também investe na preservação e recuperação dos recursos hídricos. A empresa, por meio do Projeto Nascentes, realizado na região de Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá, recuperou mais de 74 mil m² de área degradada, resultando na revitalização de nascentes e áreas de recarga das cabeceiras dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória.
Helena Alves, da Divisão de Meio Ambiente da Cesan, explica que o projeto foi concebido de forma voluntária pela empresa para criar e multiplicar um modelo de recuperação de nascentes a partir da parceria com a comunidade local, difundindo boas práticas de conservação de solos, incrementando a produção de água, melhorando a sua qualidade, e contribuindo com a meta do Governo Estadual para o aumento da cobertura florestal.
“Para a seleção das áreas piloto, era necessário identificar associações ou comunidades rurais interessadas na preservação de suas nascentes e que estivessem dispostas a trabalhar diretamente na sua recuperação e preservação, recebendo o suporte da Cesan através de mudas e insumos”, conta Helena. Segundo ela, foram plantadas mais de seis mil mudas de 30 espécies nativas diferentes nas propriedades localizadas em Garrafão, em Santa Maria de Jetibá e em Alto Parajú, em Domingos Martins.
Outro projeto com envolvimento da Cesan foi a criação da Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Boa Fé, em Afonso Cláudio, a primeira criada por uma empresa de saneamento no Brasil. A empresa conseguiu recuperar uma área de 25 mil m², utilizando cerca de três mil mudas nativas, resultando em aproximadamente 142 mil m² de área protegida.
De acordo com Helena Alves, as ações de recuperação de nascentes e recuperação de áreas degradadas têm o poder de despertar a sociedade para o fato de que a água é um bem finito.
“As soluções são mais profundas. Trata-se de mudança de cultura, mudança de comportamento. Entender que todos devem fazer sua parte. Os recursos financeiros não conseguem vencer uma agenda reativa aos problemas, como a crise da água. Precisamos ser proativos, preservando e recuperando as matas, as nascentes, os mananciais, as bacias hidrográficas”, afirma Helena, que alerta para a necessidade de criar a consciência ambiental nas crianças, para que cresçam entendendo a importância da água e o que fazer para evitar sua escassez.
Isabela Salton, do Instituto Terra, faz coro ao alerta da representante da Cesan. “A água é um bem finito”, diz Isabela, que destaca o desequilíbrio criado pela degradação ambiental acelerada. “A preservação dos recursos hídricos é fundamental não apenas para o desenvolvimento sustentável, mas para toda a possibilidade de um futuro para as próximas gerações. Neste contexto é muito importante falar das nascentes. São elas que geram a vida de todos os seres do ambiente e são elas que vão manter os rios vivos. Se não tivermos nascentes, não teremos água para a nossa sobrevivência e a de nosso ambiente”, finaliza.