Drenagem com soluções na natureza diminui impactos da chuva
Telhado verde, jardins de chuva, micro reservatórios e pavimentos permeáveis ajudariam na drenagem da água de chuva
Fazer drenagem urbana usando soluções que estão na própria natureza é o caminho apontado pelos especialistas como futuro para diminuir os impactos que a chuva traz para as cidades. Grama no alto de um prédio, por exemplo, ajuda a reter parte da água da chuva, diminuindo o volume que chega ao solo. É como se esses novos espaços fossem esponjas.
Além do telhado verde, outras técnicas ajudariam na drenagem, como jardins de chuva, microrreservatórios e pavimentos permeáveis.
Rosa simulou a mancha de inundação do Córrego Leitão, calculando cenários diferentes: um com a atual estrutura de ocupação da região e outro com mudanças em 50% da área – já incluindo as novas exigências da lei de uso e ocupação do solo, com reservatórios em novos empreendimentos, além de ciclovias, áreas verdes e outros sistemas permeáveis.
Com essas alterações, os pontos de inundação praticamente somem. O que mostra a importância de adaptar a cidade para absorver água em vários pontos.
Segundo urbanistas e engenheiros, esse é o caminho para minimizar os impactos da chuva na cidade. Integrar o meio ambiente ao espaço urbano, buscando soluções na própria natureza e trazer para as obras de infraestrutura mais de uma utilidade, como bacias de detenção que também são pista de caminhada, espaços de lazer. O Túnel Camarões é um exemplo, a Barragem Santa Lúcia outro.
Parques também têm um papel importante para “segurar” a água da chuva. A ideia é que no período de seca a população aproveite esses lugares e na temporada de chuva os córregos fiquem livres para ocupar o espaço sem trazer risco a nenhum morador.
“Os dias de folga eu curto aqui porque é ar fresco, entendeu? Lugar bom para vir com família no fim de semana, com as crianças. Um privilégio, maravilhoso, no Jardim Europa. Ter esse parque conosco, sendo bem tratado, bem cuidado. A cidade merece, a população merece. Pagamos impostos para isso”, fala o pedreiro Luciano Monteiro.
Para os especialistas, integrar os cursos d’água à rotina da população é uma necessidade e também um desafio, já que grande parte deles está contaminada com esgoto.
“Tirar esgoto do córrego, tratar rio como rio, arrumar técnicas de preservação para distribuir água ou qualidade de vida. Frequentar parques e ter pontos de vista mais agradáveis. Toda técnica estabelecida hoje enquanto ciência está nos levando à Lua. Não é possível que não consigamos medida que nos faça conviver com rio na cidade”, destaca Jeanine.
Mesmo assim, quem mora perto do Ribeirão do Onça se esforça. Metade dos moradores da área de risco de inundação já foram realocados pela prefeitura e a comunidade segue com o projeto “Deixa o Onça Beber Água Limpa”.
O parque linear prometido pela prefeitura ainda não começou a ser construído, mas a população vai aos poucos esverdeando o entorno do ribeirão. Já tem horta, campinho de futebol, parque e microrreservatórios para reutilização da água.
“O rio são diversas gotinhas de água limpa que junta e forma um rio. Nós estamos fazendo a nossa parte, a nossa gotinha, esperamos que os outros façam a parte dele também. O que já mudou ali embaixo, o que já mudou, vale a pena continuar no caminho, vale a pena avançar no caminho. Não é pra gente assumir o papel do estado, não, mas todo mundo sabe fazer alguma coisa boa, todo mundo sabe que é o melhor”, fala Itamar de Paula, do Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra).
Segundo a Copasa, em 2020 e em 2021 foram investidos R$ 145 milhões no serviço de tratamento de esgoto na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo R$ 47,4 milhões em BH.